Este é o Ralf
Quero homenagear um cãozinho tão especial e humano como foi o Ralf. Ele fez muita gente feliz, hoje sofremos com a dor da saudade que ele deixou. A dona dela chama-se Lilia Ferreira e o teve por 13 anos, numa amizade pura e desinteressada.A relação de amizade entre os dois emocionou muita gente e principalmente a mim que tive o privilégio de conhecer e conviver com ele. Ele realmente foi muito amigo, fiel e diferente de um monte cães que já conheci.
Uma homenagem especial ao Ralf
ODE AO CÃO
Só quem já teve um cachorro, não apenas a posse mas a cumplicidade de um, sabe o que é perdê-lo E quem já passou por isso, saberá entender do que estou falando.
Não há amigo mais leal, mais companheiro, mais presente. E podem falar que isso é lugar comum, pois só quem teve o privilégio de viver essa experiência compreenderá o sentido dessas frases. Por mais rico que seja nosso idioma, nenhuma palavra, nenhuma expressão é capaz de descrever a dor dessa perda ou a intensidade do que é possível viver nesse tipo de relação.
Há quem consiga estabelecer esse vínculo sem reciprocidade. Pobres seres humanos! Como é possível ter um cão, no sentido mais intenso da palavra "cão" e resistir aos apelos do coração?
Isso que escrevo agora é em homenagem a um que tive, melhor dizendo, a UM que tive. Pois ele era maiúsculo. Não poderia dizer que era melhor do que tantos que já me deram o prazer e a honra de suas convivências - por que é uma honra ter o amor de um cão - mas certamente ele era diferente. E era melhor que muitos humanos que já passaram por minha vida. Não sou só eu quem diz isso, mas todas as pessoas que também tiveram oportunidade de conviver com uma personalidade e um caráter tão especial como era o Ralf.
Em primeiro lugar, talvez ele não soubesse que era um cachorro. Ou, se sabia, talvez achasse que essa era apenas uma falha do destino. Ou então, ele apareceu na Terra exatamente dessa forma para mostrar que nós, seres humanos, somos muito complicados, muito desagradáveis e muito mesquinhos quando não conseguimos assumir os sentimentos mais elementares, dentre eles o amor e a fidelidade incondicional.
Mesmo latindo para qualquer barulho da rua, ou correndo atrás dos pombos que queriam comer os restos da sua ração, ele nunca perdeu a dignidade e, se fazia essas coisas, era apenas por convenção. Porque no fundo, no fundo mesmo, ele se sentia um ser superior, um lorde inglês dos contos de Barbra Cartland, um conde, um marquês.
Imagine se ele sucumbiria às tentações comuns de vir abanando o rabo apenas porque eu lhe oferecia um osso? Nunca! Era absolutamente contra sua dignidade. Eu que levasse o tal osso até ele, oras... Era a minha parte do trato, não servi-lo, mas reconhecer sua importância e seu status dentro de nossa relação.
Tive a oportunidade de conviver com esse ser maravilhoso, que me deu o melhor de si nas horas em que eu mais precisava. Como a maioria dos cães, ele sabia perceber quando eu precisava apenas de uma cabeça no meu colo para me dizer que no mundo o Amor nunca seria ultrapassado por nenhum sentimento.